4 de set. de 2009

A Videocracia de Berlusconi

Filme-Documentário fala sobre relação incestuosa entre mídia e política na Itália de Berlusconi

Veja matéria em O Globo



Nos últimos cinquenta, sessenta anos, poder e mídia estiverem lado a lado na cultura ocidental. As disputas eleitorais nos Estados Modernos foram se modificando a partir de cada novo meio introduzido pela indústria cultura. Nos primórdios do século XX, quando o rádio era ainda um bebê e a televisão apenas um sonho, as campanhas eleitorais eram no teté-a-teté, no corpo-a-corpo. Os partidos se mobilizavam a partir de pouquíssimas lideranças. Segundo a pesquisadora Pippa Norris, além do raro engajamento, o jogo começava muito próximo às datas eleitorais, sem uma unificação costa a costa. Com a introdução dos meios eletrônicos de radiodifusão em massa, as campanhas se tornaram mais um acontecimento do espetáculo da mídia. Debates, perfis, discursos vorazes, o noticiário das TVs se ocupavam da disputa como se esta fosse uma novela. Foi neste momento que a política se aproximou cada vez mais da produção racional de cultura. Tanto o cinema, quanto a TV passaram a alimentar a subjetividade da multidão com produtos culturais tendenciosos à formação de comportamentos. Filmes, noticiários, programas de TV, a imagem domina a atenção e é utilizada como propaganda de si mesma.
Quando se aproxima do terceiro milênio, mídia e política já não são partes e sim, assimilações, compartilhamento, hibridismo. Tanto os canais, quanto a distribuição de conteúdos estão atrelados ao sistema mercantil em grandes corporações midiáticas e políticas. Estúdios, salas e redes de cinema, distribuição de filmes, editoras, produtoras, agências de publicidade, todos os processos não se encontram mais isolados. Estão inseridos no processo tanto como fornecedores, quanto mídia, criadores e comerciantes. Mídia e política se retroalimentam. A TV cria narrativas a partir dos bastidores políticos e membros dos poderes sabem o quanto sua imagem e poder institucional valem para as lentes e páginas de jornais. Berlusconi é um dos ápices deste envolvimento. O premier italiano é dono de empresas de mídia particular e governa as mídias públicas como a RAI, rede de TV estatal. Nos últimos tempos, o político-empresário sofre intensa retaliação por parte de seus concorrentes e tenta se defender das acusações de se envolvimento em orgias sexuais com participação de menores. Berlusconi foi abandonado pela mulher no último mês de abril. A ex-primeira dama se cansou das traições recorrentes e disse que o marido estava exagerando ao se envolver com meninas com menos de 18 anos.
Saiba mais sobre o filme Videocracy - que retrata a relação ditatorial de Berlusconi com a mídia italiana.